Os ahlul bait, traduzindo para o português, "a doce casa", foram os 12 Imames que governaram a nação islâmica após a morte do profeta Muhammed (s.a.a.s) e tinham como objetivo resguardar a Sunnah ( tradição profética ) e proteger a religião de possíveis distorções e inovações.
Existem muitas narrativas que comprovam que a liderança dos Ahlul bait foi uma ordem de Deus dada ao profeta (a.s) e ao seu sucessor Ali (a.s), umas delas é:
“É provável que eu seja chamado logo e responderei a esse chamado. Então eu vos deixo dois encargos: O Livro de Deus, o qual é como uma corda estendida do céu até a terra, e minha família (ahlul bait), pois verdadeiramente Deus, o Afetuoso, O Conhecedor de Tudo, revelou-me que jamais, jamais esses dois estarão separados um do outro até encontrarem-se comigo junto a fonte de Kauçar (no Dia do Juízo). Portanto, cuidado como tratareis a esses encargos em minha ausência”. Esse Hadith foi feito pelo próprio profeta Muhammed (s.a.a.s).
O encargo da liderança da Ummah ( nação islâmica ) era uma das quetões mais discutidas naquele período, mesmo quando todos já sabiam que Muhammed (a.s) era o último dos profetas enviados por Deus. Alguns ainda atribuíam a futura autoridade ao Califa e outros preferiam a unanimidade, até que surgiu um importante versículo Corânico:
“Ó VÓS QUE CREDES, OBEDECEI A DEUS, AO PROFETA E AS VOSSAS AUTORIDADES FUNDAMENTAIS…” (C.5 – V.59)
A distinção do Imam Ali Ibn AbuTalib (A.S.) era plenamente conhecida pelos contemporâneos do Mensageiro de Deus (S.A.A.S.), dentre os seus mais devotados e valorosos companheiros, Ali se destacava sobretudo por suas qualidades morais e seu profundo conhecimento do Alcorão, e isso foi atestado pelo Profeta (S.A.A.S.) que declarou: “Eu sou a cidadela do conhecimento e Ali é a porta”. Esta tradição é aceita como fiel e consta até mesmo nos livros de tradições sunitas, como também se reconhece que o título dado pelo Profeta (S.A.A.S.) a Ali (A.S.) de “Amr al Mu’uminin” (Emir dos Fiéis) é um fato que atesta sua posição honrosa entre os primeiros muçulmanos. Dentre as mais importantes atribuições de um Imam está a capacidade de jurisprudência, o pleno conhecimento do Dín para exercer o Ijtihad (decisão ou ciência da dedução abalizada), parece-nos evidente que o comando do Profeta (S.A.A.S.) foi preterido quando os influentes dentre a comunidade se reuniram para deliberar sobre quem lideraria a Ummah após o falecimento do Profeta (S.A.A.S.).
Em duas coletâneas aceitas pelos sunitas como as mais fiéis, Sahih Bukhari e Sahih Muslim, consta a seguinte tradição do Profeta (S.A.A.S.): “Ó Ali, tu és para mim o que Harun foi para Mussa (Moisés), ainda que não haja profeta depois de mim.”
Uma outra tradição autêntica assegura que o Profeta (S.A.A.S.) tenha dito: “Ali é a porta do meu conhecimento, revelador ao meu Ummah, que se propagará depois que eu me for, o amor por ele é sinal de fé e o desprezo por ele é sinal de hipocrisia.”
Mesquita do Imam Ali (a.s) em Kufa, no Iraque. Dentro desse santuário, também encontra-se o túmulo do sucessor do profeta Muhammed (s.a.a.s).
O GHADEER KHUM
Esse tão importante acontecimento marcou a nomeação do Imam Ali (a.s) como sucessor legítimo do profeta (s.a.a.s).
Desde o falecimento do Profeta (S.A.A.S.) a comunidade Islâmica se dividiu a respeito desse fato, muitos dos que o presenciaram preferiram silenciar e acompanhar a decisão majoritária que deliberou o Califado à Abu Bakr. No princípio essa atitude provavelmente foi tomada como uma maneira de não acender disputas entre os muçulmanos em um momento delicado em que a Ummah ainda enfrentava a oposição de seus inimigos. Porém, durante a dinastia omíada o esforço das autoridades era de “desacreditar” os familiares do profeta perante o povo, logo, isso também significava apagar os vestígios sobre esse acontecimento. Entretanto, o que relataremos a seguir encontra-se registrado em várias obras importantes de renomados sábios. No ano 10 da hijra, quando o mensageiro de Deus (S.A.A.S.) retornava da que foi conhecida como a Peregrinação do Adeus para Medina, Deus lhe revelou o seguinte versículo:
“Ó MENSAGEIRO, PROCLAMA O QUE TE FOI REVELADO PELO TEU SENHOR , PORQUE SE NÃO FIZERES, NÃO TERÁS CUMPRIDO TUA MISSÃO. DEUS TE PROTEGERÁ DOS HOMENS, PORQUE DEUS NÃO ILUMINA OS INCRÉDULOS.”(C.5 – V.67).
Foi após a revelação desse versículo no livro sagrado, que o profeta reuniu todos os seus seguidores em um local chamado "Ghadeer Khum" para denominar o seguinte:
" Ó humanos, sabei que Deus, o Protetor e o Majestoso é meu Soberano e eu sou Soberano dos que crêem, e sou eu quem soluciona suas questões e não eles mesmos.” E então ele disse a Ali: “Levanta-te!” E continuando, disse: “Aquele de quem sou Soberano, Ali lhe será também, Deus apoiará a quem o acatar e se tornará inimigo de quem se inimizar com ele.” Então Deus lhe revelou o versículo: “HOJE COMPLETEI PARA VÓS A VOSSA RELIGIÃO, E TENHO VOS AGRACIADO E APROVEI PARA VÓS O ISLAM COMO RELIGIÃO…” O Mensageiro (S.A.A.S.) disse: “Deus é o maior!” Completou-se a minha profecia e a doutrina de Deus, Ali é o sucessor, depois de mim!”.
O profeta Muhammed (s.a.a.s) faleceu alguns meses depois desse acontecimento.
No decorrer de seu Califado, Imam Ali (A.S.) ao mesmo tempo que enfrentava as revoltas promovidas por aqueles que ambicionavam tomar o poder e submeter os muçulmanos à tirania, frisava o status da Família do Profeta buscando recordar o povo quanto aos dois legados deixados pelo Mensageiro de Deus (S.A.A.S.) dizendo: “Nós, a família do Santo Profeta (S.A.A.S.), somos as portas através das quais a sabedoria autêntica e o verdadeiro conhecimento alcançaram a humanidade, somos as luzes da Religião”.
Nomeação do Imam Ali (a.s) como sucessor do profeta Muhammed (s.a.a.s)
fonte da imagem- themuslimvibe.com
FUNDAMENTO DO WILAYAH (encargo divino)
O fundamento do encargo divino dos Imames dos Ahlul Bait (A.S.) provém de Deus e de Seu Profeta, e os Imames designados foram investidos de semelhante autoridade espiritual, sendo portanto os seus dizeres e ações a continuação da Sunna e da orientação do Profeta (S.A.A.S.). Estes Imames foram dotados das qualidades requeridas para guiarem os muçulmanos e preservarem a deen (religião) e alguns outros aspectos como a veracidade, a retidão, o temor a DEUS, o conhecimento espiritual correto quanto ao aspecto exotérico e esotérico da religião e de sua aplicação na vida humana. Diz-se com isso que não só as fiéis tradições como também a correta compreensão da deen foi legada pelo Profeta (S.A.A.S.) a Ali (A.S.), numa corrente sucessiva até o décimo segundo Imam (A.S.). Uma breve análise sobre essa corrente de conhecimento nos permite perceber que há nela um sentido de unidade, coerência e homogeneidade muito ao contrário da miscelânea confusa e muitas vezes contraditória das muitas correntes de transmissão dos ahadith e as diferentes opiniões adotadas pelos sunitas.
E Deus, Exaltado Seja, não nos deixou a mercê das conjecturas humanas, dos carentes de sabedoria, dos inovadores e das armadilhas dos ávidos em confundir os muçulmanos e dominá-los, ao contrário: designou-nos Imames, os guardiões do conhecimento correto da Deen para os tementes e firmes na fé. Assim, com o fim do ciclo da Profecia, iniciou-se o ciclo do Imamato Divino. O Altíssimo estabeleceu um laço de amor entre ele e seus servos e os fizeram amar e respeitar seus Ahlul Bait.
A ADERÊNCIA DOS AHLUL BAIT (a.s)
A aderência a esses dois encargos divinos é concretizada pela obediência, sincera devoção, empenho nas boas ações e afastamento do mal. Imam Sádiq (A.S.) disse: “Aquele que obedece a Deus é um dos que nos ama e aquele que desobedece é um inimigo nosso”. Portanto, essa aderência requer as qualidades devidas que se baseiam na fé, na justiça e no temor à Deus, o misericordioso.
Em diversos dizeres, os Imames (A.S.) trataram das características que iriam diferenciar seus verdadeiros seguidores. Imam Báqir (A.S.) disse: “É suficiente para alguém dizer-se um xiita por professar o amor a nós? Não, por Deus. Uma pessoa não é nosso seguidor exceto se tema a Deus e o obedeça. Nossos seguidores não são reconhecidos senão pela humildade, submissão, honestidade, louvor abundante a Deus, jejuns e preces, atendimento ao pobre, ao necessitado, aos devedores, orfãos e aos que estejam perto deles, dizendo a verdade, recitando o Alcorão, refreando a língua, salvo para o que é bom, e sendo confiável para o próximo em quaisquer assuntos.”
Disse o Profeta (S.A.A.S.) uma vez: “Ensinai a vossos filhos três coisas: O amor por vosso Profeta, o amor pelos Ahlul Bait e a recitação do Alcorão”.
Com o passar do tempo, o legado dos sagrados Ahlul Bait (a.s) foi sendo combatido pelos pagãos e inimigos Deen, um exemplo disso foram os omíadas e os Romanos. Mas, muitos crentes, praticantes do verdadeiro Islã, ainda fazem questão de deixar esse legado tão belo vivo, especialmente nos tempos de hoje, onde a religião se torna uma inovação e é deturpada da pior maneira possível.
Que deus conforte o profeta, sua família e todos os Ahlul Bait, e que nos torne os melhores entre seus seguidores.
Allahumma Salli ala Mohammad wa ali Mohammad.
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